FLORESTA OMBRÓFILA MISTA
A Floresta Ombrófila Mista juntamente com a Floresta Ombrófila Densa, fazem parte do Bioma Mata Atlântica. A nomenclatura Floresta Ombrófila “Mista”, é pelo fato de haver associação entre coníferas e folhosas. Há três espécies de coníferas nativas do Brasil, que são: Araucaria angustifolia (pinheiro-do-Paraná), Podocarpus lambertii (pinho-bravo) e Podocarpus sellowii (pinho-bravo).
Seu “clímax climático” encontra-se no Planalto Meridional Brasileiro, no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina e no Paraná, em terrenos acima de 500m de altitude, com disjunções em pontos mais elevados das serras do Mar e da Mantiqueira (VELOSO et al, 1991). Figura 01:
Fig. 01: Distribuição das formações vegetais presentes na Região Sul. Fonte: IBGE; Ano Base 2004, apud CORADIN et al (2011).
Sua área de ocorrência coincide com o clima quente e úmido, sem período biologicamente seco, com temperaturas anuais em torno de 18°C, mas com 3 a 6 meses em que as temperaturas se mantêm abaixo dos 15°C (IBGE, 1997, citado por CARVALHO, 2010).
A área mais típica e representativa da Floresta Ombrófila Mista, como aqui se conceitua, é aquela das altitudes superiores aos 800 metros. Podem-se determinar dois grupos distintos de comunidades: 1) onde A. angustifolia se distribui de forma esparsa por sobre bosque contínuo, no qual aparecem de forma significativa a imbuia (Ocotea porosa), a canela-amarela (Nectandra lanceolata), a canela-preta (Nectandra megapotamica), a guabirobeira (Campomanesia xanthocarpa), e a erva-mate (Ilex paraguariensis); 2) onde a A. angustifolia forma estrato superior bastante denso sobre estrato composto, basicamente, por canela-lageana (Ocotea pulchella), canela-amarela (Nectandra lanceolata), canela-guaicá (Ocotea puberula), pinheiro-bravo (Podocarpus lambertii), pimenteira (Capsicodendron dinisii), e diversas espécies de Myrtaceae e Aquifoliaceae. (CORADIN et al, 2011).
Segundo VELOSO et all. (1991), a composição florística deste tipo de vegetação sugere, em face da altitude e latitude do planalto meridional, apresenta quatro formações distintas (figura 2):
Fig. 02: Perfil esquemático da Floresta Ombrófila Mista (Mata-de-Araucária). (Fonte: VELOSO et all., 1991).
FLORESTA OMBRÓFILA MISTA ALUVIAL
Esta formação ribeirinha ocupa sempre os terrenos aluviais. Além da A angustifolia, também encontram-se o Podocarpus lambertii e o Drymis brasiliensis, espécies típicas das altitudes. À medida que a amplitude diminui, a A. angustifolia associa-se a vários ecótipos de Angiospermae da família Lauraceae, destacam-se os gêneros: Ocotea, Criptocarya e Nectandra, entre outros de menor expressão. No Sul do Brasil a Floresta Aluvial é constituída principalmente pela A. angustifolia, Luehea divaricata, e Blepharocalyx longipes no estrato emergente e pela Sebastiana commersoniana, no estrato arbóreo contínuo.
FLORESTA OMBRÓFILA MISTA SUBMONTANA
Esta formação atualmente é encontrada sob a forma de pequenas disjunções localizadas em vários pontos do “Craton Sul rio-grandense”. Nestas disjunções os indivíduos mais pujantes foram retirados e os poucos exemplares remanescentes somente são encontrados no estrato dominado. Assim, o que resta é uma “floresta secundária”, ficando cada vez mais raro encontrarem-se indivíduos de Araucaria angustifolia.
FLORESTA OMBRÓFILA MISTA MONTANA
Esta formação, encontrada atualmente em poucas reservas particulares e no Parque do Iguaçu, na região Sul, ocupava quase que inteiramente o planalto acima dos 500m de altitude, Porém na década de 50, em grandes extensões de terrenos situados entre as cidades de Lages (SC) e rio Negrinho (PR), podia-se observar a A. angustifolia ocupando e emergindo da submata de Ocotea pulchella e Ilex paraguariensis acompanhada de Cryptocarya aschersoniana e Nectandra megapotamica: ao norte do Estado de Santa Catarina e ao sul do Paraná, o pinheiro brasileiro estava associado com a imbuia (Ocotea porosa). No vale do rio Itajaí-Açu, a araucária é associada principalmente a Ocotea catharinense.
FLORESTA OMBRÓFILA MISTA ALTO-MONTANA
Esta floresta está localizada acima dos 1000m de altitude, sendo a sua maior ocorrência no Parque do Taimbezinho (RS) e no Parque de São Joaquim (SC), ocupando as encostas das colinas diabásicas em mistura com arenitos termometamorfizados pelo vulcanismo cretácico que constituiu a Formação Serra Geral.
A composição florística da disjunção de campos do Jordão, possivelmente semelhante à que outrora existia nos Estados do Paraná e Santa Catarina, apresenta a dominância de A. angustifolia que sobressai do dossel normal da floresta. Ela é também bastante numerosa no estrato dominado, mas aí associada com vários ecótipos, dentre os quais merecem destaque em ordem decrescente os seguintes: Podocarpus lambertii (pinheirinho) e várias Angiospermas, inclusive Drymis brasiliensis (Winteraceae), Cedrela fissilis (Meliaceae) e muitas Lauraceae e Myrtaceae.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARVALHO, P. E. R. Espécies arbóreas brasileiras. Paulo Ernani Ramalho Carvalho. – Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica; Colombo, PR: Embrapa Florestas, 2010. 644p. il. Color. ; (Coleção Espécies Arbóreas Brasileiras, v. 4).
CORADIN, L.; SIMINSKI A.; REIS, A. Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: Plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: MMA, 2011. 934p. : il. color. ; 29cm.
IBGE. Diretoria de Geociências. Mapa de vegetação do Brasil. 3. ed. Rio de Janeiro, 2004. 1 mapa; 110cm x 92cm. Escala 1:5.000.000.
INSTITUTO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTCA – IBGE. Recursos naturais e meio ambiente: uma visão do Brasil. 2. Ed. Rio de Janeiro: IBGE – Departamento de Recursos Naturais e Estudos Ambientais, 1997.208p.
LEITE, P. F.; KLEIN, R. M. Vegetação. In: IBGE. Geografia do Brasil: Região Sul. Rio de Janeiro: IBGE – Diretoria de Geociências, 1990. p. 113-150. (vol.2).
VELOSO, H. P.; FILHO, A. L. R. R.; LIMA, J. C. A. Classificação da vegetação brasileira, adaptada a um sistema universal. IBGE. Rio de Janeiro, RJ. 1991. 124p.
Classificação da vegetação. Disponível em: http://pt.scribd.com/teresa_curty/d/88513828-Classificacao-da-Vegetacao-Brasileira-Adaptada-a-um-Sistema-Universal. Acesso em:10/04/2012.
Perfeito, muito educativo, bom para pesquisas e conhecimentos.Parabéns.
Muito bom saber que existe este espaço na rede … Parabéns e muito sucesso. O artigo está fantástico.
Obrigado Wagner Prado obrigado pela visita abraço
sou keli moro em jabora SC eu gostei de tudo eu achei enteresante.
Obrigado Keli agradecemos por sua visita
Olá.
Gostei da dica, vou acompanhar o blog.
No meu eu tenho dicas imaginaveis sobre posicionamento de vídeos no youtube!
Aguardo sua visita também.
Forte abraço.
Quais arvores voce me indica para plantar numa área de reflorestamento? de Mata de Aaraucarias mas que nao sejam muito altas
José Bruno a gente está fazendo um trabalho semelhante e estamos plantando, pau-de-andrade imbuia, erva mate, cocão, sassafrás,guavirova, pitanga,cereja, uvaia. Obrigado pela visita.
Gerson Luiz Lopes
O bosque que estou formando esta bem parecido,tem ainda pessegueiro bravo,capororoquinha,guaçatonga,araça e chal chal também plantado,acredito que esteja uma boa mistura de arvores e darão uma pequena mata com bastante diversidade para os passaros
José Bruno um bosque com espécies frutíferas fica muito bonito e atraem vários pássaros parabéns pela iniciativa. Gerson Luiz Lopes
Caro Gerson.
Na visita que estou a fazer, parece-me que é de Sta. Catarina. Estou a planear uma viagem aí em princípios de Abril para conhecer a botânica da região. Obrigado.
Não moro mais em Santa Catarina mas visita o Estado é muito lindo. Gerson Luiz Lopes