Promet II

UNICENTRO – Universidade do Centro Oeste do Paraná

Licenciatura em Educação do Campo

Etapa 2

 

Projeto Metodológico

 

Tempo Universidade – TU: 19 de julho a 09 de setembro de  2010

Tempo Comunidade – TC: 20 de setembro/2010 a 01 de janeiro de 2011

1. Parceria

Esta Turma do Curso de Licenciatura em Educação do Campo se desenvolve por meio de uma parceria institucional entre a Unicentro, os municípios de Candói, Nova Laranjeiras, Laranjeiras do Sul, Porto Barreiro e Rio Bonito do Iguaçu, bem como com o MPA, MST, MAB e Ceagro e é desenvolvido em seu tempo-universidade em Laranjeiras do Sul/PR.

2. Método Pedagógico

O curso é realizado em regime de alternância, portanto composto de tempo-universidade e tempo-comunidade, objetivando assim criar condições para relacionar de forma permanente a teoria e a prática, bem como buscar uma compreensão ampliada da realidade educacional, aconteça ela na escola ou em outros tempos/espaços educativos,bem como a totalidade da realidade social.

2.1 Tempos Educativos

 

A organização de tempos educativos integra o projeto educativo deste curso. Para esta segunda etapa os tempos educativos indicados são os seguintes, com finalidades já conhecidas pela turma (apenas os ajustes estão aqui mencionados) e com distribuição diária ou semanal de horários, orientada pelo cronograma do Tempo Escola que está em anexo:

–         Tempo Formatura, (incluindo o momento da mistica)

–         Tempo Aula.

–         Tempo Estudo: para isso serão formados núcleos de base, de 5 a 6 membros, para realização deste tempo, sempre que necessário, que poderá ser para leituras, realização e estudo dos componentes curriculares, elaboração da síntese de aprendizados, interlocução nas atividades de pesquisa… Os estudos poderão ser feitos em grupo ou individualmente conforme planejamento do grupo.

–         Tempo Oficina: acontecerá apenas se for solicitado pela turma ou pelos grupos das áreas de habilitação, incorporando-se à programação semanal.

–         Tempo Trabalho – realizado pelos Núcleos de Base em cronograma a ser fixado.

–         Tempo Reflexão Escrita: em horário fixo a cada 15 dias, na sexta feira a noite, das 21 as 21:30 H, cabendo ao NB acompanhar a auto-organização de seus membros e garantir o recolhimento das folhas. As reflexões serão arquivadas em vista da memória do curso, e será organizado sistematização para exposição no mural.

–         Tempo Núcleo de Base: na sexta feira, das 21:30 às 22 H.

–         Tempo Cultura– com músicas e organização de uma noite cultural (com alimentação especial).

–         Tempo Notícias: conforme combinado, sem tempo específico, planejando formas de garantir o fluxo diário de notícias em outros tempos. (noticias pela TV, jornal, mural). O NB que coordena a semana é responsável pela organização deste tempo educativo.

–         Tempo Atividades Físicas: conforme combinado, com pelo menos um tempo semanal, conforme cronograma. Sendo responsabilidade de uma equipe da turma, composta por uma pessoa de cada NB, com jogos diversos, dinâmicas, acompanhado pela Jak.

–         Tempo Seminário: será realizado um seminário na disciplina de Seminário Integrador II sobre autores e obras definidas na etapa anterior e um grande seminário estendido à comunidade externa.

3. Curso

3.1 Informações Gerais e objetivos de criação da LEdoC:

A proposta pretende formar e habilitar educadores/as que tenham identidade com o campo, atuação em escolas do campo e ou agricultores pertencentes aos Movimentos Sociais ligados à terra, para que dessa forma possam ser qualificados, para atuarem nas escolas do campo, a fim de romper com os muros imaginários que separam a escola da vida e da cultura.

O curso será composto de 3272 h, integralizadas em oito etapas, sendo 400 h de Prática de Ensino-Estágio Supervisionado e 400 h/a de Estágio Supervisionado; 200 h de atividades complementares (participação em seminários, congressos, oficinas e outros) e 2272 h divididas entre as demais disciplinas que compõem a matriz curricular. A presente proposta oferecerá aos/às educandos/as a opção de escolha de duas áreas do conhecimento: Ciências da Natureza e Matemática ou Linguagens. Cada educando poderá optar por uma das habilitações, na qual será certificado. Os/As educandos/as serão atendidos no campus de Laranjeiras do Sul, podendo haver atividades itinerantes nos demais municípios envolvidos.

3.2 Objetos de estudo/profissionalização

O objeto deste curso é a escola de educação básica do campo, com ênfase na construção do desenho da organização escolar e do trabalho pedagógico para os anos finais do ensino fundamental e do ensino médio e também na modalidade de educação de jovens e adultos, bem como os espaços educativos não formais, especialmente vinculados aos movimentos sociais relacionados às lutas dos trabalhadores do campo.

3.3 Perfil Profissional pretendido

O Curso será desenvolvido de modo a profissionalizar os participantes para atuação na gestão de processos educativos escolares, entendida como formação para a educação dos sujeitos das diferentes etapas e modalidades da Educação Básica, para a construção do projeto político-pedagógico e para a organização do trabalho escolar e pedagógico nas escolas do campo. A formação será para a docência nos anos finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio, inclusive na Modalidade Educação de Jovens e Adultos e na combinação com a Educação Profissional.

A docência será para uma das áreas de conhecimentopropostas pelo curso: Linguagens (Língua Portuguesa, Arte, Educação Física e Língua Estrangeira Moderna – espanhol) ou  Ciências da Natureza e Matemática (Matemática, Biologia, Física e Química). A proposta é  que cada educando faça a opção por uma destas áreas, sendo esta definição construída entre a Universidade e suas parcerias considerando as demandas/perfil do grupo e as condições objetivas da oferta.

A gestão de processos educativos nas comunidades objetiva a preparação específica para o trabalho formativo e organizativo com as famílias e ou grupos sociais de origem dos estudantes, para lideranças populares e para a implementação de iniciativas e ou projetos de desenvolvimento comunitário sustentável que incluam a participação da escola.

4. Turma

4.1 Características

A Turma concluiu a Etapa 1 com 56 educandos, de diferentes municípios do Paraná, todos com algum vínculo com o campo e alguns com vínculo com os movimentos sociais.

4.2 Áreas de Habilitação

Nesta Turma as áreas trabalhadas para habilitação de docência são: Ciências da Natureza e Matemática (22 estudantes) e Linguagens (34 estudantes).

4.3 Objetivos do Curso específicos para esta Turma (ver se vamos incluindo outros objetivos)

  • Formar educadores/as para atuação nos anos finais do ensino fundamental e do ensino médio  junto às populações que trabalham e vivem no e do campo, aptos a fazer a gestão de processos educativos e a desenvolver estratégias pedagógicas que visem a formação de sujeitos humanos autônomos e criativos, capazes de produzir soluções para questões inerentes à sua realidade.
  •  Desenvolver estratégias de formação para a docência multidisciplinar em uma organização curricular por áreas do conhecimento, nas escolas do campo.
  • Contribuir na construção de alternativas de organização do trabalho escolar e pedagógico que permitam a expansão da educação básica no e do campo, com a rapidez e a qualidade exigida pela dinâmica social em que seus sujeitos se inserem e pela histórica desigualdade que sofrem.
  • Promover a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.
  • Formar educadores e equipes pedagógicas vinculadas aos movimentos sociais e organizações populares para atuarem na realidade educacional do campo.
  • Discutir, refletir e sistematizar conhecimentos sobre as questões atuais da organização do trabalho pedagógico nas escolas do campo.
  • Elaborar subsídios teóricos de acordo com o paradigma da Educação do Campo e da Questão Agrária (PQA), que se opõe ao conceito de capitalismo Agrário (Projeto de Campo desenvolvido pelo sistema capitalista).
  • Produzir materiais didático-pedagógicos para o trabalho nas escolas do campo.
  • Contribuir para o desenvolvimento do território da cidadania da Cantuquiriguaçu: desenvolvimento humano, sustentável e ambiental.

5. Etapa

5.1 Metas da Turma (formuladas pela turma no Tempo Universidade da E2 e pelos educadores responsáveis pelo acompanhamento do processo formativo – referência para avaliação coletiva da turma no TU).

a)     Definir nome da turma, bem como garantir momentos para estudo sobre o significado do nome escolhido. Construir um painel da turma (símbolo) e encomendar camiseta. Discussão e planejamento nos NB.

b)    Estabelecer combinações de convivência na turma desde os parâmetros éticos assumidos pela turma na discussão do perfil de formação pretendido, definindo mecanismos para garantir seu cumprimento.

c)     Garantir na turma discussão política dos problemas a fim de construir unidade e constituir a base para o avanço do processo.

d)    Organizar iniciativas que ajudem o conjunto da turma a superar limites identificados na formação escolar anterior. Realizar oficinas de matemática e português básicos.

e)     Organizar-se como turma para atender as demandas de estudo desta etapa, garantindo o tempo estudo efetivamente para sua finalidade, de acordo com as orientações deste documento.

f)      Qualificar os registros da memória da turma. (Além das pastas de textos de cada disciplina, da turma seria fotos, bem como,a reflexão escrita entregue a cada 15 dias)

g)     Garantir o acesso às notícias veiculadas nos meios de comunicação em geral, sejam locais, do Brasil e internacionais. Conforme organização do NB responsavel semanalmente.

h)    Fazer crítica cotidiana nos NB e qualificar seminário de crítica e autocrítica a ser realizado em cada NB, conforme momento preparado pela coordenação do curso. (Esse momento é bem importante, precisamos organizá-lo, como a turma está em início poderíamos ter uma assessoria que ajudasse refletir sobre o que é a crítica e auto critica, bem como a sua importância, e como organizá-la metodologicamente, seria nos NBs nesta etapa.) quem está inserido nos Movimentos tem experiência nisso, poderíamos chamar alguém do Ceagro, e até eles mesmos podem indicar alguém para ajudar.

i)       Potencializar a Síntese de Aprendizados como apropriação do conhecimento e de reflexão sobre o processo formativo.

j)       Contribuir de forma planejada na organização e nos debates propostos para o seminário com as escolas de inserção que será realizado neste Tempo Universidade.

k)    Elaborar contribuições para o Promet da Etapa 3.

l)       Preparar e coordenar as místicas, fazer a acolhida da próxima etapa no primeiro dia a noite.

m)  Realizar momentos de discussões sobre a função da ciranda infantil.

n)    Escolher dois representantes da turma para compor o colegiado do curso.

5.2 Atividades do Tempo Escola

a) Componentes da matriz curricular do curso para esta etapa.

Disciplinas comuns:

 

Política   e Legislação Educacional – 56 horas – educador Adair

Ementa   – A organização educacional brasileira   numa perspectiva histórica. Os princípios de organização do Estado e os   mecanismos adotados na implementação das políticas públicas na década de 1990   em diferentes âmbitos.

OTP   I – 56 horas – educadora Ângela

Ementa   – Análise histórica das teorias organizacionais da   educação e desafios atuais. Implicações didáticas e organizacionais das   tendências pedagógicas.

Educação   Inclusiva – 40 horas – educadora Glaciane

Ementa   – A diversidade de sujeitos na construção da   identidade do povo brasileiro. Inclusão de pessoas com necessidades especiais   no processo de escolarização.

Educação,   Trabalho e Questão Agrária – 40 horas – educador Ariel

Ementa   – A questão agrária brasileira: a constituição   histórica do desenvolvimento das forças    produtivas e as relações sociais de produção no campo. As mudanças no   mundo do trabalho e suas implicações sobre a educação do trabalhador.

Metodologia   da Pesquisa II – 20 horas – educadora Ângela

Ementa   – Abordagens de pesquisa: diferentes princípios   epistemológicos que orientam as práticas de pesquisa.

Prática   de Ensino I (52 horas) e II – Estágio Supervisionado  – 100 horas – I – educadoras Marlene e   Glaciane e II – educador Reinaldo, educadoras Renata, Claudinéia e a definir   (para parte específica de biológicas)

Ementa   –  I – Reconhecimento   do ambiente escolar: observação, coleta de dados, reflexão e sistematização   dos resultados.

– II Observação e   participação pedagógica.

Seminários   Integradores II – 8 horas – educadora Marlene

Ementa  – Análise de temas   problematizados pelos educandos/as e educadores/as, a partir da contribuição   das diferentes disciplinas do curso, relacionados aos projetos de pesquisa   que estejam se configurando e desenvolvendo

Disciplinas da ênfase:

 

Fundamentos   de Matemática – 48 horas –educador Reinaldo

Ementa – Trigonometria.   Logaritmo. Exponencial. Inequações.

Língua   Escrita e Gramática – 24 horas – educadora Renata

Ementa   – Pressupostos do ensino da língua e da gramática a   partir dos seus determinantes sócio-históricos e culturais.

Leitura   e Produção de Textos II – 24 horas – educadora Maria Cleci

Ementa   – Estratégias de leitura visando compreensão e   análise crítica. Prática de leitura e análise de textos argumentativos   acadêmicos e não-acadêmicos. Prática de produção de respostas discursivas a   questões de interpretação de textos argumentativos. Prática de produção de   resumos e resenhas de textos argumentativos.

 

b) Seminários

–          Obras e autores

–          Educação do campo

c)    Outras atividades…

– participação em momento do Acampamento da Juventude do MPA.

5.4 Atividades do Tempo Comunidade (TC)

a)    O TC será desenvolvido nos locais de origem ou de trabalho de cada educando/educanda e deverá incluir atividades específicas de inserção nas organizações ou nos Movimentos Sociais envolvidos nesta Turma. Estas atividades são de decisão da organização ou Movimento Social responsável pela indicação do educando do curso.

b)    Atividades Orientadas pelo Curso (detalhamento a construir durante o TU)

–          Atividades da Inserção Orientada em Movimentos Sociais e na Escola.

–          Continuação das atividades da pesquisa conforme orientação.

–          Atividade de complementação de estudos orientada pela área de habilitação respectiva.

6. Processo de Avaliação

6.1. Orientações gerais

Definir caminhos para a avaliação é reafirmar os caminhos, princípios definidos para a ação pedagógica. É preciso entender a avaliação como parte do processo e como processo e não como um momento final do processo. Se assim compreendermos a avaliação, a ênfase, recairá sobre o processo educativo e não sobre os resultados.

A avaliação pode ser diagnóstica, formativa, deve ser contínua e cumulativa, cumprindo várias funções: conhecer os/as educandos/as, identificar as dificuldades de aprendizagem, determinar se os objetivos propostos foram ou não atingidos, aperfeiçoar o processo educativo, promover os alunos. Os objetivos indicados explicitam vários aspectos da avaliação: individual do educando e do educador e institucionais, ou seja, o processo de avaliação serve para realimentar o processo no sentido de realizar novas mediações, reorganizando os tempos, espaços e relações, inclusive institucionais.

Outro aspecto é a relação da avaliação com os objetivos. Quando construímos o Projeto Político Pedagógico, definimos o projeto que iremos defender e os objetivos que pretendemos alcançar e avaliação deve ser organizada no sentido de perceber se esses objetivos foram alcançados e, se não, o que deve ser feito para retomá-los.

Os principais instrumentos/técnicas de avaliação que serão utilizados são a observação, a aplicação de provas, a auto-avaliação, pesquisas, organização de portfólios, a apresentação de trabalhos, dentre outros, exigindo-se desde a memorização reflexiva até a síntese, enfatizando-se o uso da língua padrão.

A avaliação será entendida a partir da consideração de que os processos de desenvolvimento e aprendizagem são permanentes, portanto sempre inacabados. Assim, a avaliação deve ser um instrumento que contribua para potencializá-los.

A partir disso, consideramos importante, ainda:

a) compreender o caminho que o/a educando/a está fazendo para se apropriar do conhecimento – essa compreensão possibilitaria realizar mediações mais significativas;

b) considerar o/a educando/a seu próprio parâmetro, ou seja, que se valorizasse o seu processo e não o colocasse em posição de competição com o outro;

c) não apenas constatar erros, mas rever processos;

d) valorizar conteúdos significativos e não detalhes;

e) elevar o nível de exigência, superando a mera memorização mecânica e buscando a análise, a síntese, a aplicação dos conteúdos.

O aluno estará aprovado se alcançar a média igual ou superior a 7,0 (sete vírgula zero) e a freqüência igual ou superior a 75%. No caso de alcançar média entre 5,0 (zero vírgula zero) e 6,9 (seis vírgula nove) e freqüência igual ou superior a 75%, terá direito a realizar exame final. Para ser aprovado em exame final, o aluno deve alcançar uma nota que, somada à média do período e dividida por dois, resulte em uma nova média de valor igual ou superior a 6,0 (seis vírgula zero).

Os educandos que não obtiverem aproveitamento mínimo, exigido para aprovação deverão participar de um processo paralelo de estudos, elaborado e orientado pelo educador da respectiva disciplina, até obter o aproveitamento necessário. Casosespeciais serão analisados pelo colegiado do curso.

6.2. Procedimentos básicos

         O fechamento da avaliação das disciplinas acontecerá na etapa seguinte e os exames ao final da etapa seguinte. Os pesos e critérios de avaliação ficam a cargo de cada educador.

7. Acompanhamento Político-Pedagógico

Estamos buscando fazer o acompanhamento aos educandos e às educandas do curso de forma ao mesmo tempo personalizada e pela atuação nos/dos coletivos da turma, da escola, da comunidade de atuação e da organização/movimento social.

a)     No Tempo Escola o acompanhamento à turma será feito: – pelos educadores e educadoras, pela equipe de coordenação do curso, pelo NB a cada um de seus membros;

b)    No Tempo Comunidade o acompanhamento aos estudantes será feito: pela coordenação do curso, por pessoas dos movimentos sociais envolvidos, pelos educadores em relação aos encaminhamentos feitos na disciplina para o tempo comunidade.

Laranjeiras do Sul, 24 de julho de 2010.