É comum nos dias atuais recebermos várias informações sobre praticamente qualquer área do conhecimento. Isso se deve principalmente com o advento das novas tecnologias que chegaram as grandes massas no final do século XX e início do século XXI, como a internet, os celulares e redes sociais, além das já conhecidas formas de comunicação, como o rádio, jornal e televisão.
Porém, nem sempre essas informações ou conhecimento são verídicas e factuais, muitas delas são o que chamamos de pseudociências.
A pseudociência é um tipo de conhecimento, ou ainda uma forma de se obter o conhecimento, que se diz fundamentada no método científico, mas que de fato, não se utiliza do método científico durante os seus processos de pesquisa. Assim, como o próprio nome sugere, é uma falsa ciência.
Podemos facilmente exemplificar um caso de dois ramos muitos próximos do conhecimento, mas que, um é ciência e outro é uma pseudociência, que é o caso da astronomia e a astrologia. Esses dois ramos estiveram juntos desde o início das observações que a humanidade começou a fazer do céu, mas que se separaram aproximadamente no século XV, a criação do método científico.
Enquanto que a astronomia adotou o método científico como principal forma para conduzir suas pesquisas e desenvolver teorias, o que a fez prosperar e atingir o prestígio que tem hoje, a astrologia seguiu o caminho do esoterismo e das crendices antigas, buscando apoiar suas bases teóricas em argumentos anedóticos e demonstrações não falseáveis, o que a tornou apenas um tipo de conhecimento voltado totalmente para o que as pessoas querem que seja verdade e não o que de fato é real.
O que surpreende é o fato de que a astrologia, mesmo não sendo uma fonte de conhecimento segura e concreta do mundo real, é muito mais difundida nos meios de comunicação do que a sua irmã astronomia. Pode até fazer o teste, conte em quantos meios de comunicação se faz presente à astrologia e em quantos aparece algum programa de astronomia.
Ao ler esse texto, o leitor deve estar pensando que essa discussão em torno da pseudociência é apenas uma tempestade em copo d’água, pois a pseudociência não influi em nada no cotidiano da maioria da população e que os costumes baseados em pseudociência, como por exemplo, ler horóscopo, acreditar que ETs visitaram a Terra e construíram as pirâmides e principalmente as terapias alternativas, são atitudes que se mantém apenas por costume e que não fazem mal algum.
Mas é justamente por ignorar coisas bobas e simples como essas que geraram atitudes absurdas de alguns grupos, como aconteceu no ano de 2005 nos EUA, a tentativa da inclusão do ensino do design inteligente como uma forma alternativa de se explicar a origem da vida, bem como do universo, ao invés do ensino de biologia.
Isso seria um atraso na evolução da humanidade, pois se abriria mão de uma teoria científica em troca de um conhecimento baseado na fé de algumas pessoas que visam apenas defender sua visão de mundo.
Portanto, devemos sempre nos policiar sobre as informações que chegam até nós, principalmente via meios de comunicação, que expõe idéias e teorias sem nenhuma fundamentação científica como se fossem verdades absolutas, e que quando são desmascaradas, dão a desculpa que seu conteúdo é apenas entretenimento. Dessa forma, seria útil usar o kit contra argumentos falaciosos descrito por Carl Sagan em seu livro O mundo assombrado pelos demônios, em que se elencam formas de se identificar o conhecimento pseudocientífico. Assim como também vemos o quanto é importante o trabalho de divulgação científica que todo cientista deveria fazer, não se limitando apenas a realizar pesquisa, mas também compartilhando esse conhecimento, tendo Sagan como exemplo que, através de seus livros e a série Cosmos, combateu o que ele chamou de analfabetismo científico, levando para as grandes massas os princípios científicos, bem como o método que a ciência se utiliza para se chegar as teorias vigentes.
Referência bibliográfica
DE LIMA R. Ciência, pseudociência e o fascínio popular. Revista espaço acadêmico, nº 116, Março de 2010. Disponível em: http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/viewFile/9540/5323. Acesso em Setembro de 2015.
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Autor do texto: Vinicius Cesar