Por: Marcelo H. Penteado
Shanghai Maths, como é denominado pela mídia Britânica, é a tentativa de aproximar ou importar o método de ensino utilizado nas escolas primárias de Xangai, a maior cidade da China e centro financeiro do país. Isso começou por dois motivos, um deles é o resultado de países como a China e Singapura no PISA (Programme for International Student Assessment) e o outro é a crescente especialização de professores do Reino Unido na China e vice-versa.
A ideia essencial do método Xangai é a de trabalhar somente um conceito por aula, com o objetivo de que todos os alunos desenvolvam e aprendam este conceito e a turma toda avance para a próxima aula em conjunto. Desse modo, partindo do pressuposto de que todos têm a capacidade de aprender matemática, isto é, a matemática não é para sujeitos selecionados. Isso é quase que o oposto ao que acontece no Reino Unido, onde quanto mais conceitos forem trabalhados em uma aula melhor e, de certa maneira, ao longo de suas vidas colegiais, os alunos são, aos poucos, redirecionados para atividades quais melhores se encaixem nas habilidades notadas pelos professores, ou seja, ou o aluno têm (ou desenvolve) habilidades matemáticas ou caberia a este focar em algo diferente.
Além do contexto de trabalhar apenas um conceito (ou conteúdo) por aula, este conteúdo é trabalhado de diversas maneiras diferentes, ou seja, são múltiplos modelos para cada conceito. Também, busca-se que os alunos sempre respondam as perguntas com sentenças completas. Algumas vezes, os professores selecionam um aluno como modelo (aquele que responder melhor) para que os outros alunos tomem como referência.
Segundo Bruno Reddy (para o Schoolsweek), o método não consiste em aprendizagem mecânica ou repetitiva ad nauseum, mas sim de uma situação onde são utilizados livros de alta qualidade e os professores estão muito bem qualificados, como especialistas nos assuntos que irão ensinar, sabendo assim como fazer as perguntas corretamente e com qual frequência. Como cada professor dá apenas duas aulas de 40 minutos diariamente, estes dispõem do restante do tempo disponível para se especializar, pesquisar, participar de reuniões de professores, fornecer atendimento aos alunos, entre outras atividades. Apesar de toda essa qualificação, isso não implica que os professores ingleses estejam despreparados, mas consiste numa situação diferente e com consequências diferentes.
O Reino Unido busca importar o método porque o mesmo funciona e, também, como uma meta de melhorar os resultados no PISA. Contudo, os professores em Xangai dão apenas duas aulas de 40 minutos por dia, um luxo que os professores ingleses não podem ter, segundo o Ministro da Escola. No entanto, o Ministro afirma que não é necessário obter o pacote completo do método, mas apenas adaptar parte deste. Dessa maneira, para os próximos três anos será disponibilizado um fundo de 173,6 milhões de reais para cerca de 8000 escolas primárias Britânicas, aproximadamente a metade, para a implantação do método.
Referências
Mark Boylan. SCHOOLSWEEK. South Asian – or ‘Shanghai’ – mastery maths, explained. Disponível em <http://schoolsweek.co.uk/what-is-south-asian-mastery-maths/>. Acesso em 26 ago. 2016.
Billy Camden. SCHOOLSWEEK. Schools minister admits Shanghai maths teachers only do ‘two lessons a day’. Disponível em <http://schoolsweek.co.uk/schools-minister-admits-shanghai-maths-teachers-only-do-two-lessons-a-day/>. Acesso em 26 ago. 2016.
Nirva Bohdjalian. Mathematics Mastery. Four Lessons from Shanghai. Disponível em <http://www.mathematicsmastery.org/four-lessons-from-shanghai/>. Acesso em 26 ago. 2016.
Press Trust of India. NDTV. 8,000 Schools In UK To Adopt Chinese Method Of Teaching Maths. Disponível em <http://www.ndtv.com/world-news/8-000-schools-in-uk-to-adopt-chinese-method-of-teaching-maths-1433311>. Acesso em 26 ago. 2016.
Professores valorizados e estimulados,fazem da educação um caminho de descobertas agradáveis, em que educandos lança mão do conhecimento com prazer, mesmo que o caminho seja rígido e disciplinar.