Suicídio Quântico ou Imortalidade Quântica, eis a Questão

Por: Maycol Szpunar

fig1            A medida que avançamos neste estranho e conquistador universo da Física Quântica, nos deparamos com situações julgadas impossíveis para uma mente despreparada, até as mentes mais preparadas acabam perdidos em pensamentos. A mecânica quântica possui sua matemática probabilística que funciona, mas de fato isso não significa que a compreendamos. O caro leitor já deve conhecer o problema do gato de Schroedinger (para acessá-lo clique aqui), o mesmo já fora apresentado no cientista da semana deste blog, este é um dos principais exemplos que acaba por trazer consequências e duvidas estarrecedoras sobre a verdade do nosso universo. Se você leitor acredita compreender a mecânica quântica acompanhe mais um experimento mental (por favor, não tente isso em casa), que possivelmente o fará questionar as suas concepções.

          Imagine você a beira de um suicídio com uma arma voltada para sua face, agora acrescentamos uma condição especial, a espoleta que efetua o disparo da bala está associada a um detector de spin, em que dada uma partícula com Spin Down que passe por esse detector possibilita o disparar da bala, mas se a partícula possuir Spin UP a bala não dispara. Agora peguemos o primeiro caso, no primeiro engatilhar a arma dispara e tudo termina aqui, só restará um ser inanimado no chão ensanguentado e o cheiro de pólvora queimada se espalhando pelo ar. Mas para tornar as coisas interessantes, peguemos o segundo caso, onde todas as partículas que cruzarem o detector possuem spin Up, assim, no primeiro engatilhar ouvir-se-ia o estalar do gatilho, mas a bala não dispara, num segundo engatilhar a bala também não dispara, e assim segue-se até o infinito, e o ser que tentara se suicidar, possui agora a imortalidade quântica.

                À primeira vista, tudo isso aparenta ser obvio, mas, como saber o spin da partícula que atravessará o detector? Num caso semelhante ao do gato de Schroedinger, o suicida estaria numa superposição de estados, de um lado a imortalidade, do outro o seu corpo estirado ao chão, pois de fato, só possuímos a probabilidade da partícula ter spin Up ou Down, tal como uma moeda, 50% up e 50% down. Na mecânica quântica essas probabilidades surgem do modulo da função de onda que representa a superposição de estados, e esta função de onda só colapsa no evento, quando a situação é testada, assim sendo, o suicida antes mesmo de puxar o gatilho já está vivo (imortal) e morto ao mesmo tempo. Podemos representar essa situação como Tegmark o fez em seu artigo “The Interpretation of Quantum Mechanics: Many Worlds or Many Words?”:

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                  Onde temos no lado esquerdo da igualdade a soma das probabilidades de spin da partícula dado pelo bra ( | > ) num produto tensorial com o suicida, o fator um sobre raiz de dois corresponde a normalização, as quais produzem o segundo lado da igualde, em que temos a probabilidade do sujeito estar vivo associado ao spin Up e a probabilidade deste estar morto com o spin Down e a superposição se mantem devido a soma das probabilidades.

                 Mas uma dúvida surge, se o spin da partícula é o que define a situação, e o ser fica numa superposição de estados, como a partícula decide a que estado irá colapsar? Será que essa partícula decide se vai matar ou não o suicida? Essa é uma das perguntas que vem assombrando os físicos a algum tempo. Como o leitor talvez já tenha lido a respeito do gato de Schroedinger, muito provavelmente já se deparou com a teoria dos muitos mundos ou dos universos paralelos, em que numa tentativa de retirar a questão da partícula pensante, elaborou-se então uma teoria, em que no ato de colapsar a função de onda no nosso universo para um evento em especifico, no mesmo instante, num universo paralelo a função de onda colapsaria para um evento contrário.  Retomando ao suicida então, se no primeiro engatilhar a bala não disparasse, num universo paralelo ocorreria exatamente ao contrário, assim poderíamos compor infinitos universos conforme os infinitos engatilhar da arma do suicida, onde sempre haverá um universo em que ele vive e outro em que ele morre. Se percorrermos esses infinitos universos, certamente encontraremos um em que ele possui a imortalidade quântica.

                Mas será que universo paralelos existem, será isso ciência, ou apenas ficção, somente os próximos anos de pesquisa nos dirão.

                  Referências:

TEGMARK, Max. The Interpretation of Quantum Mechanics: Many Worlds or ManyWords?

EISBERG, R.; RESNICK, R. Física Quântica. R. Janeiro, Brasil.: Campus 1974.

MundoFísico,<http://www.mundofisico.joinville.udesc.br/index.php?idSecao=9&idSubSecao=&idTexto=215> Acesso em Janeiro 2016.


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